Próteses ortopédicas de plástico reciclado, bicicletas elétricas de alta performance, produtos a base de açaí são alguns dos exemplos de criações inovadoras que já estão no mercado e que impactam a vida das pessoas.
Os termos inovação, inovador, inovar são falados com facilidade, porém o desafio mundial é colocá-los em prática. Há oito anos, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) instituiu o Dia Nacional da Inovação, lembrado pelas instituições de pesquisa e de ensino de todo o País em 19 de outubro.
A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica carrega em seu DNA a palavra inovação, pois adota um modelo de ensino para que jovens e adultos disputem o mercado de trabalho mais preparados e coincidentes dos seus respectivos papéis como cidadãos. E, nos últimos anos, além da proposta pedagógica, investiu na instalação de polos de inovação e incubadores de empresas.
Os cinco primeiros Polos de Inovação foram implantados nos Institutos Federais da Bahia (IFBA), do Ceará (IFCE), do Espírito Santo (Ifes), Fluminense (IFFluminense) e de Minas Gerais (IFMG). Depois, foram criadas as unidades do IF Goiano e dos Institutos Federais da Paraíba (IFPB), de Santa Catarina (IFSC) e do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS). Todos com o objetivo de promover o aumento da competitividade e da produtividade da economia nacional, por meio do desenvolvimento da pesquisa aplicada e da qualificação de recursos humanos para ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).
Desde que entraram em funcionamento, as unidades produzem resultados em diversas áreas como o trabalho da pesquisadora Deise Santos, do Polo de Inovação Vitória, do Ifes. Em 2015, uma parceria entre a instituição e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) deu origem ao Polo Embrapii Ifes – voltado para o ramo da metalurgia e matérias.
Deise e mais seis pessoas tocam o projeto “Implantação de processo hidrometalúrgico sustentável de reciclagem de pasta de baterias chumbo-ácido em planta piloto não comercial”. “A finalidade do trabalho é implantar um processo pioneiro de reciclagem, que é sustentável e econômico e que apresenta como vantagens: melhorar o desempenho da bateria, economizar energia e não emitir poluentes gasosos perigosos”, explica.
O diretor de Planejamento e Negócios do Polo de Inovação Vitória, Estéfano Vieira, destaca que a unidade atrai muitas empresas, pois, além de os projetos criarem novas oportunidades, podem ter os riscos divididos com a força acadêmica, favorecendo o investimento por parte de empresários, contribuindo para a atualização de professores e permitindo aos alunos trabalharem com situações/problemas reais.
“É possível criar projetos e soluções inovadores a partir de uma ideia. Por mais estranha que essa ideia pareça, poderá no futuro resultar em algo benéfico. A maior parte das grandes invenções aconteceram assim, inicialmente não tiveram uso ou, talvez, tiveram, porém de forma limitada. Com o passar do tempo tornaram-se essenciais. Os exemplos são inúmeros”, categorizou.
O diretor do Polo de Inovação Salvador, do IFBA, Handerson Leite, afirma que os desafios associados à pesquisa inovadora no Brasil ainda são grandes e se iniciam pela insegurança jurídica. “Embora o Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação [Lei nº 13.243, de 11 de janeiro de 2016 e Decreto Federal nº 9.283, de 7 de fevereiro de 2018] tenha avançado bastante, ainda existem resistências e dificuldades na sua aplicação”.
“O processo de importação ainda é complexo e, mesmo com programas de facilitação disponibilizados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), faltam investimentos específicos para infraestrutura e manutenção”, esclareceu.
Handerson Leite, que dirige uma unidade orientada para o campo das tecnologias em saúde enfatiza que, apesar das dificuldades, há avanços, mas é necessário entender que há regras para o desenvolvimento de cada setor. “No nosso polo, temos que atuar com bastante responsabilidade, pois trata-se de um segmento fortemente regulado e não poderia ser diferente, já que envolve vidas.”
Incubadoras de empresas – Não é possível falar de inovação sem citar o processo de incubação, um dos mais eficazes mecanismos de formação de empresas, principalmente das atuais startups.
A Rede Federal também possui incubadoras de empresas que exercem importante papel na inovação de produtos e processos. Esses espaços são responsáveis pela transformação de ideias criativas em negócios bem-sucedidos.
Segundo a coordenadora-geral de Empreendedorismo e Incubadoras do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Maria Goretti Falcão de Araújo, as incubadoras de empresas ajudam a fomentar a cultura empreendedora dentro dos institutos.
“Isso pressupõe a indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão, a partir do momento em que o conteúdo da sala de aula passa a ser trabalhado com dinamismo e foco na solução de problemas reais da comunidade, por meio de projetos que envolvem o conhecimento (ensino), a busca por soluções (pesquisa) e a devolução da solução ao mercado (extensão) na criação de empreendimentos com soluções inovadoras. Isso proporciona geração de emprego, renda e, consequentemente, desenvolvimento regional”, explicou.
Desde sua implantação, a incubadora do Ifam já graduou 13 empresas e, atualmente, uma encontra-se incubada. Há um ano, um grupo de whastapp de gestores de incubadoras da Rede Federal foi criado. Hoje 81 participantes trocam mensagens para ampliar o potencial de integração entre projetos de inovação inseridos na Rede, compartilhar informações, conhecimentos, pesquisas e fazer networking, além de viabilizar melhores condições para o aperfeiçoamento de gestão das incubadoras, implantação de novos "Habitats de inovação" e ações de apoio ao empreendedorismo inovador.
Para Jadir Pela, coordenador da Câmara de Pesquisa e Inovação do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e reitor do Ifes, a criação dos Institutos Federais com a missão de desenvolver ensino, pesquisa e extensão, já é um dos motivos para comemorar o Dia Nacional da Inovação.
“O Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação também foi uma vitória, assim como a criação dos polos e incubadoras, pois esses espaços fazem uma ponte entre a pesquisa e as empresas. Entre os desafios, temos a constituição de outras unidades de fomento à inovação, bem como uma melhor articulação com o setor produtivo”, disse.
Bárbara Bomfim
Assessoria de Comunicação
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