Muito se ouve falar, mas pouco se sabe sobre a verdadeira importância das tecnologias assistivas que existem com o intuito de disponibilizar recursos e serviços para a ampliação das habilidades funcionais dos estudantes com deficiência. Neste 2 de abril de 2019, data em que a Organização das Nações Unidas (ONU), há 12 anos, instituiu como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (World Autism Awareness Day), o foco está no desenvolvimento e aplicação dessas tecnologias.
Além de promover a igualdade, equidade e inclusão, as iniciativas podem remover barreiras que atingem – segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) – 1% da população mundial que se encontra dentro do espectro do autismo, a maioria sem diagnóstico ainda. No Brasil, mais de dois milhões de crianças, jovens e adultos com Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD) têm dificuldades de interagir socialmente e de se comunicar, com um padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
No Instituto Federal do Maranhão (IFMA), a professora de Design Ivana Maia já coloca em prática o que a ONU preconiza. O projeto “Metodologia de Design de Recursos Digitais para Ensino de Crianças com Transtornos do Espectro Autista”, coordenado pela docente e pesquisadores de outras instituições de ensino brasileiras, foi um dos quatro aprovados na área de Desenho Industrial no País para receber apoio e financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Segundo ela, a pesquisa propõe uma metodologia específica para o projeto gráfico de ferramentas voltadas ao ensino de crianças autistas. “O mérito técnico-científico está na associação de tecnologia digital aos conceitos de tecnologia assistiva sob a ótica do design, contribuindo na aprendizagem de forma eficiente e divertida, despertando e prendendo o interesse do usuário”, afirma.
Em termos de inclusão, não importa se as tecnologias assistivas estão em desenvolvimento ou já finalizadas e disponíveis; elas devem ser de fácil acesso, baixo custo e precisam ser replicadas, pois dessa forma, além de auxiliar no dia a dia dos autistas, fazem a diferença para dar voz a quem vive às margens de um convívio pleno e democrático – alguns são completamente não-verbais.
"O mundo do autista é o nosso. Conhecer e Adaptar" – Esse é o nome da exposição que o campus Maceió do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) promove até o dia 8 de abril, na capital Alagoana, em alusão à data de hoje.
Com o objetivo de disseminar conhecimento sobre o autismo e apresentar pesquisas e projetos de extensão resultantes da parceria entre o Ifal e a Associação de Amigos do Autista de Alagoas (AMA-AL), pesquisadores do campus mostram no evento softwares e aplicativos que permitem um tratamento multidisciplinar – “ABC Autismo Animais” e “123 Autismo” (já disponíveis para download na App Store ou Play Store), “ABC Autismo Frutas” e “ABC Autismo Transportes”.
Importância da educação na sociabilidade – Agora Técnico em Edificações e sonhando com a faculdade de Arquitetura, Darin Thopsom Oliveira é um exemplo de como a escola pode ajudar as pessoas com autismo a vencer a barreira da socialização. Portador da Síndrome de Asperger, ele frequentou o curso junto com pai Michel Penha David.
Segundo Michel, as aulas e o contato com professores e demais alunos foram essenciais para que o filho melhorasse a interação social. “Se ele melhorasse 1%, para nós, os familiares, já era uma vitória. E ele melhorou muito. Dois anos resultaram em uma evolução sem precedentes. O curso abriu novos horizontes e oportunidades”, destacou.
Para o pai, que agora pretende cursar Engenharia Civil, o campus Palmas do IFTO foi uma segunda casa. “Nos deixou honrado saber que uma instituição se preocupa com aqueles que são minoria e nem sempre são vistos”, acrescentou.
Saiba mais – Os Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD) englobam os diferentes transtornos do espectro autista. São eles: Síndrome de Asperger (a forma mais leve); Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (fase intermediária); Transtorno Autista (tipo “clássico”) e o Transtorno Desintegrativo da Infância (considerado mais grave e menos comum).
A Lei nº 12.764/2012 criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo que garante os direitos dos autistas e os equipara às pessoas com deficiência.
Com informações das Assessorias de Comunicação dos Institutos Federais do Maranhão (IFMA) e do Tocantins (IFTO).
Bárbara Bomfim
Assessoria de Comunicação
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